Sola gratia, sola fide, solus Christus, sola scriptura, soli Deo Gloria.

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Heresias Recicladas desde os dias da Reforma.


Heresias de vários tipos não são novas. Durante a Reforma havia um profeta chamado Thomas Munster, que acreditava ser a Bíblia muito difícil de interpretar. Era preciso um intérprete sacro, o qual não era a Igreja, mas o testemunho interno do Espírito.

A Bíblia, declarava ele, era apenas papel e tinta. "Bíblia, Babel, bolha!", proclamava. Usando a mesma Escritura como os atuais supostos profetas, ele justificava sua posição doutrinária com a declaração: "... a letra mata, e o Espírito vivifica" (2 Co 3.6). Lutero respondeu que a letra sem o Espírito estava morta, mas ambos não devem estar mais separados que a alma do corpo. Lutero disse que ele precisava de uma palavra firme de Deus, não as experiências fantásticas de um profeta dos dias de hoje.

Quanto aos sonhos, visões e revelações de Munster, Lutero, lembrando que o Espírito Santo é representado na Bíblia como pomba, disse que não daria ouvidos a Munster, mesmo que "ele tivesse engolido o Espírito Santo, com penas e tudo".  Munster se tornou o pai de todos os que crêem na infusão do Espírito que deixa de lado as Escrituras.

A Bíblia corretamente interpretada não nos permite torcer seus ensinos para se ajustar aos nossos desejos. Se a interpretarmos imparcialmente, ela não nos permitirá crer em toda e qualquer coisa. Como diz Jay Adams, a Bíblia se engaja no que se chama ensino antitético:

Na Bíblia, onde a antítese é tão importante, o discernimento — a habilidade de distinguir os pensamentos e caminhos de Deus de todos os outros — é essencial. O Senhor afirma que "o sábio de coração será chamado prudente" (Pv 16.21).

Do jardim do Éden, com suas duas árvores (uma permitida, outra proibida), ao destino eterno do ser humano no céu ou no inferno, a Bíblia apresenta dois, e somente dois caminhos: o de Deus e o de todos os outros.

Adequadamente, está dito que as pessoas devem ser salvas ou perdidas. Pertencem ao povo de Deus ou ao mundo. Havia Gerizim, o monte da bênção, e Ebal, o monte da maldição. Há o caminho estreito e o largo, levando ou à vida eterna ou à perdição eterna. Há os que são contra nós e os que são a nosso favor, os de dentro e os de fora. Há vida e morte, verdade e mentira, bom e ruim, luz e escuridão, o Reino de Deus e o reino de Satanás, amor e ódio, sabedoria espiritual e sabedoria do mundo. Está escrito que Jesus é o caminho, a verdade e a vida, e ninguém vai ao Pai senão por Ele. Seu é o único nome debaixo do céu, pelo qual importa que sejamos salvos.

Para "fazer teologia", como se costuma dizer, temos de empregar o pensamento antitético. Isso significa que se afirmamos uma doutrina, também temos de negar seu oposto. Tal raciocínio é a base de toda racionalidade; é uma função necessária da mente humana. Não só isso, também é consistente com os ensinos da Bíblia.

Por exemplo, consideremos a declaração: "Só a Biblia é a Palavra de Deus para o homem". Se esta afirmação for verdadeira, exclui todas as outras fontes de revelação e autoridade. Exclui as tradições do catolicismo romano como meio de revelação; exclui o livro dos Mórmons, o Alcorão e o Vedas. Também exclui os escritos de Ellen G. White e os de Mary Baker Eddy...

Nós, que acreditamos ser a Biblia a fonte única da revelação de Deus, não esperamos que revelação adicional passe pelos lábios de gurus, profetas, evangelistas e pregadores da fé. Ninguém jamais pode afirmar que Deus lhe revelou algo novo sobre o Espírito Santo, ou Jesus Cristo, ou profecia. Cremos que pode haver aprofundamento na compreensão, mas somos limitados pelas palavras de Deus nas páginas das Sagradas Escrituras.

Assim que aceitamos a Bíblia como a base única de toda doutrina, descobrimos que ela própria nos ajuda a definir que doutrinas são inegociáveis. Não ficamos sozinhos para decidir onde deve ser traçada a linha limítrofe entre a verdade e o erro. O Novo Testamento, ao longo de suas páginas, nos assevera constantemente que a doutrina da salvação — e o agrupamento de doutrinas que a apóiam — é de importância extrema. Isto faz sentido quando percebemos que a pergunta mais importante a ser respondida é como podemos estar certos de que passaremos a eternidade com Deus.

Paulo advertiu aos crentes na Galácia que alguns entre eles estavam tentando perverter o evangelho de Cristo. E acrescentou: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo: se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema" (Gl 1.8,9).

Imagine! Um anjo nos aparece e diz que o caminho para o céu é ser uma pessoa amorosa e decente. Você ficaria surpreso com quantos que creriam em tal revelação. Paulo diria: "Malditas sejam tais revelações!"

Paulo confrontou Pedro apenas porque ele deu a impressão errada sobre o evangelho. Veja o que aconteceu: Pedro deixou de comer com os gentios quando os judaizantes apareceram em cena, dando a impressão de que ele tomava o partido dos mestres que defendiam que temos de ser salvos por Cristo mais o cumprimento da lei. Até onde sabemos, Pedro nunca disse uma palavra sobre o conteúdo do evangelho; apenas se recusou a comer com os que criam que o evangelho era um dom gracioso de Deus pela fé.

Paulo ficou furioso! A simples impressão de Pedro de que os judaizantes poderiam estar certos foi razão suficiente para Paulo confrontá-lo publicamente.

                                                                      Erwin W. Lutzer

Quando jogamos pérolas aos porcos – John Stott


A Lei e o evangelho

Depois que Deus fez a promessa a Abraão, ele deu a Lei a Moisés. Por quê? Simplesmente porque ele tinha de fazer as coisas piorarem antes que pudesse melhorá-las. A Lei expôs o pecado, afrontou o pecado e o condenou. O propósito da Lei era, por assim dizer, tirar a tampa da respeitabilidade do homem e expor o que ele realmente é abaixo da superfície — pecador, rebelde, culpado, sob o julgamento de Deus e sem esperança para salvar-se a si mesmo.

Hoje, deve-se permitir que a Lei faça a tarefa que Deus lhe confiou. Uma das grandes falhas da Igreja contemporânea é a tendência de abrandar o pecado e o julgamento. De maneira semelhante aos falsos profetas, nós tratamos da ferida do povo de Deus "... como se não fosse grave" (Jr 6.14; 8.11). Veja como Dietrich Bonhoeffer expõe essa ideia: "É apenas quando alguém se submete à Lei que ele pode falar da graça... Não acho que seja cristão querer chegar ao NT de forma muito rápida e direta".Jamais devemos ignorar a Lei e ir direto ao evangelho. Fazer isso é contradizer o plano de Deus na história bíblica.

Essa não é a razão pela qual o evangelho não é apreciado hoje em dia? Alguns o ignoram, outros o ridicularizam. Então, em nosso evangelismo moderno, jogamos pérolas aos porcos (e a pérola mais cara é o evangelho). As pessoas não conseguem ver a beleza da pérola, porque não têm o conceito da imundícia do chiqueiro. Nenhum homem aceita o evangelho antes que a Lei, primeiro, revele a esse homem sua própria natureza e essência. É apenas na escuridão profunda do céu noturno que as estrelas começam a aparecer, bem como também é apenas no pano de fundo escuro do pecado e do julgamento que o evangelho brilha.

Não admitimos nossa necessidade de abraçar o evangelho, para que este cure nossas feridas, antes de a Lei nos ter injuriado e derrotado. Jamais ansiaremos para que Cristo nos liberte antes de a Lei nos prender e aprisionar. Jamais buscaremos Cristo para ser justificados e viver, antes de a Lei nos condenar e matar. Jamais acreditaremos em Jesus, antes de a Lei nos levar ao desespero. Jamais nos voltaremos para o evangelho, para que este nos leve ao céu, antes de a Lei nos rebaixar até o inferno.

Silas Malafaia e a Eleição incondicional

Quem é este que escurece o conselho com palavras sem conhecimento?Jó 38:2
Silas Malafaia é bem conhecido no meio evangélico e tem opositores e defensores igualmente entusiasmados. Tem certa predileção pela polêmica e diz o que pensa, embora muitas vezes pareça não pensar no que diz. Meu objetivo aqui é analisar o texto em que ele trata da doutrina da predestinação e apontar onde sua interpretação de Ef 1:4-5 e Rm 8:28 é falha.

Ele diz que predestinação “é o ato de destinar antecipadamente” e predestinado significa “eleito de Deus. Destinado de antemão”. Diz também que “fomos escolhidos ou eleitos por Deus nosso Senhor antes da fundação do mundo”, que“não fomos nós que O escolhemos, mas foi o nosso Salvador quem nos escolheu” e finalmente que“Sua eleição não é por nossas obras, mas por Aquele que chama”. Ficasse por aqui e tudo o que eu diria seria um sonoro “Amém!”, talvez com um “Oh, Glória!” bem pentecostal. Mas ele declara“não aceitamos os seguidores da predestinação que fazem com que Deus escolha pessoas, previamente, umas para o céu e outras para o inferno”. Como assim?

Pena que ele não mantém a sua definição. Nas suas palavras: “o que não aceitamos e não encontramos respaldo bíblico é que Deus já tenha determinado o futuro individual de cada ser humano, isto é, o homem quando nasce já está predestinado ao céu ou ao inferno, conforme uma escolha prévia de Deus”. A eleição, então, seria pela presciência e a predestinação não é individual, mas corporativa. Neste ponto ele já negou o que havia dito anteriormente.

Comentando Efésios 1:4-5 ele diz que “Paulo aqui, nessa passagem, está entrando na área da presciência de Deus”. Mas se você ler toda a passagem, em nenhum lugar a presciência é referida ou aludida. Para Malafaia, contudo, a pessoa não é eleita na eternidade, mas torna-se eleita quando crê, sendo que Deus apenas antecipa o conhecimento deste fato, pois “todo aquele que aceita Jesus, está eleito em Cristo”. Aqui, Malafaia faz a eleição depender da aceitação do homem, negando o que disse sobre quem escolhe quem. E mesmo tendo anteriormente dito que nossa eleição se deu antes da fundação do mundo, agora afirma que “aceitar a Cristo é submeter-se a Ele, é obedecê-lo, é segui-lo, é ser fiel até o fim, depois sim; depois que você é eleito a Cristo”.

Sobre Rm 8:29, a coisa se repete“depois que você aceita a Cristo como seu Salvador, você estará pronto a estar predestinado para o céu. Se você seguir a Cristo aqui na terra, você terá a garantia do céu”. Ele se esquece que a Bíblia diz que somos “predestinados para” e não “predestinado devido a“. A predestinação é o antecedente, o seguir a Cristo é o consequente. Embora aqui Silas fale de indivíduos preparados para serem predestinados ao céu, noutra parte diz que “não encontramos uma palavra no singular dizendo que Deus determinou individualmente pessoas - Ele predestinou um povo - predestinou um grupo”. Volto a este ponto uns parágrafos adiante.

Além das várias inconsistências internas em seu artigo ou pregação, como vimos, Silas Malafaia erra quanto ao momento e à natureza da eleição e predestinação, aos fazê-las depender de decisões do homem e considerá-las como tendo referência a grupo e não indivíduos.

Que a eleição e a predestinação se realizam antes da pessoa crer é ensinado tanto por Efésios como por Romanos, além de outras passagens bíblicas. Na carta aos cristãos de Éfeso diz que“Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo” e “em amor nos predestinou”, isso nos versos 4 e 5 do primeiro capítulo. Somente mais adiante, no verso 13, diz “...depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”. Ou seja, o ser eleito e predestinado vem antes do ouvir e crer no evangelho, que é depois. E em Rm 8:30 está escrito “aos que predestinou a estes também chamou”. A ordem aqui também é inequívoca, primeiro se é predestinado, depois se é chamado.

Quanto aos objetos da predestinação, Silas Malafaia diz que se trata de um grupo e não de indivíduos. Tal afirmação é absurda em se tratando de conhecimento de Deus, pois presume que o Senhor predestinou um grupo sem ter em conta quem eram os indivíduos que compunham esse grupo. Romanos 8:29 diz “aqueles que de antemão conheceu, também os predestinou”. O pronome “aqueles” deixa bem claro que Deus conheceu indivíduos, os quais também foram predestinados. Quanto ao fato de que eleitos e predestinados estarem no plurar em Efésios, a explicação é simples, quando conhecida. A Gramática Sintática do Grego do Novo Testamento, de Willian Sanford LaSor diz, em sua página 34, que "se o sujeito é coletivo, então se usa a forma singular do verbo para o grupo como um todo. Mas se o grupo é considerado segundo a individualidade dos seus membros, é usado o plural". Portanto, predestinação corporativa não encontra suporte aqui.

Concluímos que a eleição de Deus é soberana e graciosa e que a predestinação aponta para indivíduos e tentar fugir de suas implicações com subterfúgios interpretativos é arrumar confusão, para si e para os ouvintes/leitores.

Soli Deo Gloria

Aquele que está unido a Cristo produz frutos

“Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto” Jo 15:2

Este versículo é utilizado mais das vezes para fundamentar a crença popular que um crente pode vir a perder sua salvação adquirida. Entretanto, por se tratar de uma parábola, devemos interpretar o texto de acordo com a principal regra de interpretação de textos deste gênero: notar principalmente a lição geral, sem forçar demais nos detalhes. Se pudermos sintetizar a lição da parábola numa frase é nesta: aquele que está em Cristo, produz frutos.

Jesus começa dizendo “Eu sou a videira verdadeira” (Jo 15:1). Israel era a videira plantada pelo Senhor, mas que não apresentou os frutos esperados. “Eu mesmo te plantei como vide excelente, uma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste para mim uma planta degenerada como vide estranha?” (Jr 2:21). Ao dizer-se videira verdadeira, Jesus declarava vã a presunção do povo de que pertencendo a Israel seriam por isso aceitos por Deus.

Sendo Jesus a videira verdadeira, podia afirmar “quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto” (Jo 15:5a). Os frutos não são produzidos com o objetivo de estar na videira, mas como resultado de estarem ligados a ela. Tão certo como a união com Cristo produz frutos, é o fato de que fora dele nenhum fruto é produzido: “sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15:5b). Por isso, a ordem de Jesus não é “produzam frutos” e sim “estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim” (Jo 15:4).

Se o texto deixa absolutamente claro que todo aquele que está unido a Cristo produz fruto, como entender a sentença “toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira” (Jo 15:2a)? A explicação é que embora no aspecto exterior os ramos estivessem ligados à videira, não havia união orgânica de fato. A seiva não fluía do tronco para os ramos. Embora aderidos à árvore, não estavam ligados intimamente.

Sempre houve, e sempre haverá, aqueles que fazem parte da igreja visível, conformando-se externamente à conduta esperada dos cristãos, porém sem nunca terem se ligado a Cristo de fato. Esses tais são ramos que não produzem frutos, e não produzem porque não tem uma ligação real com o Senhor. Que essa ligação é apenas aparente fica claro logo adiante: “se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará” (Jo 15:6). O problema de tais pessoas não é primariamente não produzir frutos, e sim não estar em Cristo, pois se estivessem os frutos surgiriam naturalmente.

Em claro contraste com eles estão os discípulos verdadeiros. Logo após dizer que o Pai “limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto" (Jo 15:2b), Jesus completa “vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado” (Jo 15:3). Destes, Jesus testemunha: “Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça” (Jo 15:16). Pelo que concluímos que os que foram escolhidos por Jesus, permanecerão Nele e serão frutíferos. E que concluir que um verdadeiro crente que está em Cristo e Cristo está nele pode vir a perder a salvação é perder de vista a lição que Jesus está ensinando.

Soli Deo Gloria

O Brilho da Divindade - C. H. Spurgeon



Bom Mestre. Lucas 18.18

Se um jovem, mencionado nos evangelhos, utilizou este título ao falar com nosso Senhor, quão mais conveniente é para mim utilizá-lo, ao dirigir-me a Ele! O Senhor Jesus é realmente um bom Mestre, um Mestre que governa e ensina. Eu me deleito em cumprir as ordens dEle e assentar-me aos seus pés.



Manhã após manhã - C. H. Spurgeon

Colhiam-no, pois, manhã após manhã.
Êxodo 16.21

Trabalhe para manter um senso de completa dependência da boa vontade e prazer do Senhor, para que esteja continua-mente desfrutando das mais ricas alegrias. Nunca procure viver alimentando-se do velho maná, nem tentando encontrar auxílio no mundo. Tudo precisa vir de Jesus ou você estará arruinado para sempre. Unções antigas não serão suficientes para ungir seu espírito agora. Sua cabeça precisa ter óleo novo derramado sobre ela...

Olhando o lado Obscuro - C. H. Spurgeon


Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres.
Salmos 126.3

Infelizmente, muitos crentes são propensos a olhar para o lado obscuro de todas as coisas e a gastar muito tempo pensando no que eles têm passado, em vez de pensar no que Deus tem feito por eles. Faça-lhes perguntas sobre as impressões deles a respeito da vida cristã, e descreverão seus permanentes conflitos, suas profundas aflições, suas tristes adversidades e a pecaminosidade de seus corações, sem qualquer referência à misericórdia e à ajuda que Deus lhes tem dado...



Habilidade Humana: Dispensada! - C. H. Spurgeon


Se sobre ele manejares a tua ferramenta, profaná-lo-ás.

Êxodo 20.25

O altar de Deus tinha de ser construído com pedras toscas, de modo que nem habilidade nem labor humano fossem vistos nele. A sabedoria humana se deleita em adaptar e dispor as doutrinas da cruz em um sistema mais artificial e mais apropriado aos gostos corrompidos da natureza caída...



As Pedras Clamarão - C. H. Spurgeon DEVOCIONAL 1




Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão (Lucas 19.40).



John Piper – Sacrificio Cristão Radical



Por John Piper. © Desiring God. Website:desiringGod.org
Tradução e edição: voltemosaoevangelho.com
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

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Libertos do Mundo - C. H. Spurgeon - Devocional 02




Vinde, e subamos ao monte do Senhor - Isaías 2.3 - Devocional 02




O Agente da Predestinação – R. C. Sproul



Efésios 1.3-12

Paulo fala de crentes serem predestinados conforme o conselho da vontade de Deus. A pergunta então não é: a Bíblia ensina predestinação? Mas é: o que, exatamente, significa o conceito bíblico de predestinação? Em seu sentido mais básico predestinação tem a ver com a questão de destino. Um destino é um ponto em direção ao qual estamos nos movendo, mas que ainda não alcançamos. Quando reservamos passagens de avião, não as reservamos para lugar nenhum. Nós temos um destino em mente, um lugar ao qual desejamos chegar.

Quando acrescentamos o prefixo pre ao destino, falamos em algo que ocorre antes do destino. O pre depredestinação tem relação à questão de tempo. Em categorias bíblicas a predestinação claramente ocorre, não só antes de crermos em Cristo, e não só até antes de nascermos, mas desde toda a eternidade, antes do universo ser criado no tempo.

O agente de predestinação é Deus. Em sua soberania ele predestina. Seres humanos são o objeto de sua predestinação. Em suma, predestinação se refere ao plano soberano de Deus para seres humanos, decretado por ele na eternidade. Precisamos acrescentar, contudo, que o conceito de predestinação inclui mais do que o destino futuro dos humanos. Também inclui tudo o que vem a acontecer no tempo e espaço. Muitas vezes o termo eleição é usado como sinônimo de predestinação. Tecnicamente isso é incorreto. O termo eleição se refere especificamente a um aspecto da predestinação divina: Deus estar escolhendo certos indivíduos para serem salvos. O termo eleição tem uma conotação positiva, referindo-se a uma predestinação benevolente que resulta na salvação daqueles que são eleitos. Eleição também tem um lado negativo, chamado "reprovação", que envolve a predestinação daqueles que não são eleitos.

Resumindo, podemos definir predestinação de maneira ampla do se¬guinte modo: desde toda a eternidade Deus decidiu salvar alguns membros da raça humana e deixar o restante da raça humana perecer. Deus fez uma escolha - ele escolheu alguns indivíduos para serem salvos para bem-aventurança eterna no céu, e ele escolheu outros para passar por cima, permi¬tindo que sofram as consequências de seus pecados, o castigo eterno no inferno.

CONDICIONAL OU INCONDICIONAL?

Será que nossas vidas individuais têm qualquer peso sobre a decisão de Deus? Esta é uma questão difícil e que precisa ser tratada com muito cuidado. Embora Deus faça sua escolha antes de nascermos, ele ainda sabe tudo sobre nós e nossas vidas antes que as vivamos. Será que ele leva esse conhecimento prévio de nós em conta quando toma sua decisão com respeito à eleição? Como respondemos a essa pergunta revela se nossa visão de predestinação é reformada ou não reformada. A questão é a seguinte: em quê Deus baseia a decisão dele de eleger uns e não outros?

No acróstico TULIP o U se refere a "eleição incondicional" ("unconditional"). A palavra incondicional distingue a doutrina reformada de predestinação daquela de outras teologias. Durante a Guerra Civil americana, Ulysses S. Grant foi apelidado de "unconditional surrender" Grant (o Grant da rendição total), mantendo suas iniciais U. S. Rendição total em guerra é aquela que exclui negociações. Não há espaço para "eu faço isso se você fizer aquilo". A rendição é total e completa. O inimigo derrotado entrega tudo, enquanto que o vitorioso não entrega nada. Esse tipo de rendição, observado a bordo do navio de guerra USS Missouri, trouxe o fim da Segunda Guerra Mundial. O termo incondicional simplesmente significa "sem o afixamento de condições, quer previstas ou não".

Muitas igrejas reformadas ensinam que a eleição é condicional. Deus elege certas pessoas à salvação, mas só quando satisfazem certas condições. Não é que Deus espera essas pessoas satisfazerem essas condições antes de escolhê-las. Eleição condicional é geralmente baseada na presciência de ações e reações (ou respostas) humanas. Muitas vezes isto é chamado de visão présciente da eleição ou predestinação. O termo presente ou pré-ciente simplesmente se refere a conhecimento antecipado. A idéia é que desde toda a eternidade Deus olha pelo túnel do tempo e sabe de antemão quem vai responder positivamente ao evangelho e quem não vai. Ele sabe de antemão quem irá exercer fé e quem não irá. Com base nesse conhecimento prévio, Deus escolhe alguns. Ele os elege porque sabe que terão fé. Ele sabe quem satisfará as condições para eleição e nessa base os elege.

O texto-prova favorito para o ponto de vista presciente da eleição está em Romanos: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou" (Rm 8.29,30).

Vemos nesse texto que o pré-conhecimento de Deus vem antes da pre¬destinação. Aqueles que defendem a visão presciente presumem que, visto que pré-conhecimento precede predestinação, pré-conhecimento deve ser a base da predestinação. Paulo não diz isto. Ele simplesmente diz que Deus predestinou aqueles a quem conheceu de antemão. Quem mais ele poderia concebivelmente predestinar? Antes que Deus possa escolher alguém para alguma coisa, ele deve tê-lo em mente como objeto de sua escolha. Quando Paulo liga predestinação a pré-conhecimento não diz nada sobre se esse pré-conhecimento inclui a pessoa satisfazer alguma condição para eleição.
Na realidade, Romanos 8.29,30 pesa contra a óptica presciente da eleição. Paulo começa com presciência e então vai passando pela "corrente dourada" da salvação via a predestinação, a chamada, a justificação e a glorificação. A pergunta crucial aqui é a relação entre chamada e justificação. A corrente diz que aqueles que Deus conheceu de antemão ele também predestinou. O texto é elíptico: não inclui o termo todos, mas deixa implícita a palavra (há traduções da Bíblia que o deixam claro). O sentido do texto é que todos a quem Deus conhece de antemão (a quem em qualquer sentido ele 'pré-conhece') ele predestina. E todos a quem predestina ele chama. E todos que ele chama ele justifica. E todos a quem ele justifica ele glorifica. A corrente é: pré-conhecimento-predestinação-chamado-justificação-glori-ficação.

É significativo que todos os que são chamados são também justificados. O que Paulo quer dizer aqui com "chamado"? Em teologia distinguimos entre dois tipos de chamado divino: o chamado externo e o interno.

Nós vemos o chamado externo de Deus na pregação do evangelho. Toda pessoa que ouve a pregação do evangelho é chamada ou convocada para Cristo. Mas não é toda pessoa que responde afirmativamente a esse chamado externo. Alguns o ignoram e outros o rejeitam de vez. Por vezes o evangelho cai em ouvidos surdos. A Escritura é clara quanto ao fato de que nem toda pessoa que ouve o evangelho externamente é automaticamente justificada. Justificação não é pelo ouvir o chamado, mas sim pelo crer no chamado. Portanto, pelo menos em algum sentido, há alguns (na verdade muitos) que são chamados mas não são escolhidos. Muitos ouvem aquele chamado externo do evangelho mas nunca são justificados. Contudo, na corrente de ouro Paulo diz que aqueles que são chamados por Deus são também justificados por ele. A não ser que se seja um universalista, não se pode concluir que isto se refere simplesmente ao chamado externo do evangelho.

A teologia também fala do chamado interior de Deus, que não é dado a todas as pessoas. A teologia reformada chama isso do chamado eficaz. Todos os que recebem esse chamado estão inclusos naqueles que são justificados. Novamente isso presume que o texto implica que todos que são chamados são justificados. O texto não diz isso explicitamente. É possível interpretá-lo para entender que alguns que são chamados são justificados. Mas se o termo alguns está implícito aqui a esta altura o texto diria que alguns a quem Deus pré-conheceu ele predestinou, alguns a quem predestinou ele chamou, alguns que ele chamou ele justificou e alguns que ele justificou ele glorificou. Isso tira todo o sentido das palavras de Paulo. O todos implícito aqui não é vago e incerto. É claramente implícito pelo fraseado do texto.

Tome a Cruz - C. H. Spurgeon - Devocional 03




Puseram-lhe a cruz sobre os ombros, para que a levasse após Jesus - Lucas 23.26

Morra pela Verdade! - C. H. Spurgeon



O Evangelho é mais precioso que nossas vidas. Paulo disse que, em comparação com o seu grande propósito de pregar o evangelho, não considerava sua preciosa para si mesmo; mas temos certeza de que Paulo valorizava a sua própria vida...



A Cegueira Humana - C. H. Spurgeon - Devocional 04



"Ó homens, até quando tornareis a minha glória em vexame...?" (Salmos 4.2)

Um Zelo por sua Glória - J. I. Packer




Muitas vezes diz-se que o objetivo de Deus no plano da salvação é o exaltar-se a si mesmo, exaltando aqueles a quem ele salva, e isto é verdade. Mas o Novo Testamento vai além, insistindo que o propósito principal do Pai é a exaltação do Filho, a quem conhecemos em sua forma humana como Jesus Cristo, nosso Senhor. O Filho de Deus, que é Deus Filho (a segunda pessoa da Trindade), foi e é o agente de todas as obras do Pai na criação, na providência e na graça.


Ele é o mediador de toda bondade e misericórdia que tem fluído de Deus para homens e mulheres. O Novo Testamento identifica sua vida, morte, ressurreição e entronização como o ponto decisivo da história do mundo, do mesmo modo que descreve seu trono como a peça centro do céu (Ap 4,5). Assim como o Pai ama o Filho e expressa esse amor honrando-o na comunhão eterna da Trindade, ele deseja que, pela execução do plano de salvação, no qual Jesus é a figura central, "todos honrem o Filho do modo por que honram o Pai" (Jo 5.23).

Para isso, e em direto reconhecimento da perfeição da preciosa obediência do Filho na expiação dos pecados cometidos pela humanidade, "Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.9-11).

Paulo, escrevendo aos colossenses, que estavam sendo ensinados a adorar não somente a Jesus, mas aos anjos, fala do plano do Pai para "o Filho do seu amor" (Cl 1.13) de receber a suprema honra em todos os níveis:

Pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da Igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia, porque aprouve a Deus que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus. (Cl 1.16-20).

O qual nós anunciamos, advertindo a todo homem e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo; em quem todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento estão ocultos. (Cl 1.28; 2.3)

Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a plenitude da Divindade. Também, nele, estais aperfeiçoados. Ele é o cabeça de todo principado e potestade. (Cl 2.9,10)

Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então, vós também sereis manifestados com ele, em glória. (Cl 3.3,4)

Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou; no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos. (Cl 3.9-11)

Seja a paz de Cristo o árbitro em vosso coração (...) Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo (...) E tudo o que fizerdes, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai. (Cl 3.15-17)

Nestas passagens, que juntas constituem a "linha-mestra" de Colossenses, estão claramente definidas a centralidade e a supremacia de Jesus Cristo no plano da salvação.

O livro de Apocalipse mostra-nos o mesmo (como, de fato, fazem todos os livros do Novo Testamento: contudo, limito-me a este outro exemplo que segue). Começando com a visão de Cristo em glória, ditando as cartas pessoais para cada uma das sete igrejas (Ap 1-3), o texto segue descrevendo Jesus como o Leão de Judá na forma do Cordeiro que foi morto, entronizado como o Redentor e Senhor da História (Ap 5), a quem são oferecidas incessantemente canções de louvor. No decorrer do livro, o Cordeiro aparece como o vitorioso "Rei do Reis e Senhor dos Senhores" da Palavra de Deus (Ap 19.11-16).

O livro encerra com Jesus falando de si mesmo, como ele havia feito nos três primeiros capítulos, como o Senhor de todos e de todas as coisas, e declarando: "E eis que venho sem demora, e comigo está o galardão que tenho para retribuir a cada um segundo as suas obras. Eu, Jesus, enviei o meu anjo para vos testificar estas coisas às igrejas. Eu sou a Raiz e a Geração de Davi, a brilhante Estrela da manhã" (Ap 22.12,16).

O que preciso aprender, então, é o seguinte: minha salvação se dá, do início ao fim, por meio de Jesus Cristo e em Jesus Cristo ("em" significando uma comunhão pessoal que é também uma união viva, desejada e realizada pela ação divina). Deus Pai planejou desta maneira para glória e louvor de Cristo, seu eterno Filho. As misericórdias da eleição, redenção, regeneração e justificação são mi¬nhas em Cristo (Ef 1.4,7; 2.4-10; Gl 2.17).

Morri com Cristo. Portanto, Deus está fazendo morrer, dentro de mim, meu antigo modo de viver, o qual já renunciei. Fui criado para compartilhar a vida de ressurreição de Cristo pelo Espírito Santo, de modo que, no entanto, ainda sou quem eu era, não sou mais o que eu era, mas sou agora, interiormente, uma pessoa diferente (Rm 6.2-11; 7.4-6; Gl 2.20; Ef 4.20-24; Cl 2.11-13,20; 3.1-4,9-11). Meu objetivo de vida, daqui para a frente, é confiar em Cristo, obedecer-lhe, amá-lo, exaltá-lo, adorá-lo e fortalecer-me nele (2Co 12.9; Fp 4.13; Cl 1.11; lTm 1.12; 2Tm 4.17), alegrar-me nele (Fp 3.1; 4.4), render-lhe graças, perseverar nele (Jo 15.4-7) e esperar o dia em que Cristo voltará para levar-me ao lar com ele (Jo 14.1-3; Fp 1.23; 2Co 5.6-8). Sei que Cristo vê seus discípulos como seus amigos (Jo 15.15). Tenho de mostrar minha gratidão por este maravilhoso privilégio de ter amizade com o Rei e Senhor do mundo. Preciso honrá-lo e glorificá-lo de todas as maneiras possíveis.

Caminho Estreito - C. H. Spurgeon - Devocional 05


Saiamos, pois, a ele, fora do arraial - Hb 13.13








Sonde hoje meu coração.




SENHOR, tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo conheces. Tu me cercaste por detrás e por diante, e puseste sobre mim a tua mão. Tal ciência é para mim aravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir. Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? (Sal 139.1-7).



Somos Indignos - C. H. Spurgeon - Devocional 06





O jumento, porém, que abrir a madre, resgatá-lo-ás com cordeiro; mas, se o não resgarares, será desnucado. Remirás todos os primogênitos de teus filhos. Ninguém aparecerá diante de mim de mãos vazias. (Êx 34.20).

Predestinação Dupla? – R. C. Sproul



Em qualquer ocasião em que surge o assunto de predestinação ou eleição, a pergunta se segue depressa:"É predestinação una ou dupla?" .

A questão mais profunda é como a reprobação ("o decreto da providência referente à condenação dos maus às penas eternas") está relacionada com a eleição. Reprobação é o lado leviano de eleição, o lado escuro do assunto que levanta muitas preocupações. E é a doutrina da reprobação que tem feito aparecer o rótulo de "decreto horrível". Uma coisa é falar na graciosa predestinação à eleição de Deus, mas outra é falar no decreto de Deus, desde toda a eternidade, de que certas pessoas desafortunadas estão destinadas à condenação às penas eternas.

Alguns defensores de predestinação argumentam a favor de uma predestinação única. Mantêm que, embora alguns sejam predestinados à eleição, ninguém é predestinado à condenação ou reprovação. Deus escolhe alguns que definitivamente salvará, mas deixa aberta a oportunidade de salvação para o restante. Deus se certifica de que alguns indivíduos são salvos providenciando para eles ajuda especial, mas o restante da humanidade ainda tem uma oportunidade de ser salva. Eles podem, de algum modo, tornar-se eleitos respondendo positivamente ao evangelho.

Esse modo de ver é baseado mais em sentimento do que em lógica ou exegese. É manifestamente óbvio que se algumas pessoas são eleitas e algumas não são eleitas, então a predestinação tem nela dois lados. Não é suficiente falar em Jacó; também precisamos considerar Esaú. A não ser que a predestinação seja universal, ou para eleição universal ou reprovação universal, ela precisa ser dupla em algum sentido.

Dado que a Bíblia ensina tanto eleição como particularismo, não podemos evitar o assunto de predestinação dupla. A pergunta então não é se predestinação é dupla, mas como a predestinação é dupla. Há dois pareceres diferentes de predestinação dupla. Um deles é tão assustador que muitos recusam completamente o uso do termo dupla predestinação. Essa visão assustadora é chamada deultimação igual, e se baseia numa visão simétrica de predestinação. Ela vê uma simetria entre a obra de Deus em eleição e sua obra em reprovação. Ela busca um equilíbrio exato entre os dois. Assim como Deus intervém na vida dos eleitos para criar fé em seus corações, assim ele similarmente intervém nos corações dos réprobos para operar descrença. Esta é inferida de passagens bíblicas que falam em Deus endurecer os corações das pessoas.

teologia reformada clássica rejeita a doutrina de ultimação igual. Embora alguns tenham rotulado essa doutrina de "hipercalvinismo", eu prefiro chamá-la de "subcalvinismo", ou, até mais precisamente, "anticalvinismo". Ainda que o calvinismo certamente mantenha uma espécie de predestinação dupla, ela não abraça a ultimação igual. A visão reformada faz uma distinção crucial entre os decretos positivos e negativos. Deus decreta positivamente a eleição de alguns e negativamente decreta a reprovação de outros. A diferença entre positivo e negativo não se refere ao final (conquanto o resultado de fato seja ou positivo ou negativo), mas à maneira pela qual Deus faz acontecer seus decretos na História.

O lado positivo se refere à intervenção ativa de Deus nas vidas dos eleitos para operar fé em seus corações. O negativo se refere não a Deus estar operando descrença nos corações dos réprobos, mas simplesmente a ele não tomar conhecimento deles e reter deles sua graça regeneradora.

Calvino comenta sobre isso: "Ora, se nós não estamos realmente envergonhados do Evangelho, precisamos necessariamente reconhecer o que está nele abertamente declarado: que Deus, por sua eterna bondade (para a qual não houve nenhuma causa senão seu próprio propósito), nomeou aqueles que quis para a salvação, rejeitando todos os demais; e que aqueles a quem ele abençoou com essa livre adoção para serem seus filhos ele ilumina pelo seu Santo Espírito, para que possam receber a vida que lhes é oferecida em Cristo; enquanto que outros, continuando de vontade própria em descrença, são deixados destituídos da luz da fé, em escuridão total".

Para Calvino e outros reformadores Deus passa por cima dos réprobos, deixando-os a seus próprios inventos. Ele não os força a pecar ou criar novo mal em seus corações. Ele os deixa a si mesmos, com suas opções e desejos, e eles sempre escolhem rejeitar o evangelho.

Uma vez ouvi o presidente de um seminário presbiteriano responder a uma pergunta sobre predestinação dizendo: "Eu não creio em predestinação porque não creio que Deus traz algumas pessoas chutando e gritando, contra suas vontades, para dentro de seu reino, enquanto ao mesmo tempo ele recusa acesso àqueles que sinceramente desejam estar lá". Essa resposta me surpreendeu, não só porque a negação pública de predestinação do presidente violava ostensivamente seus votos de ordenação na Igreja Presbiteriana, mas também porque revelava uma incompreensão radical de uma doutrina com a qual ele deveria estar bastante familiarizado.

A teologia reformada não ensina que Deus traz os eleitos "chutando e gritando, contra suas vontades", para dentro de seu reino. Ensina que Deus opera de tal modo nos corações dos eleitos de maneira a fazê-los dispostos e felizes de vir a Cristo. Eles vêm a Cristo porque querem. Querem porque Deus já criou em seus corações um desejo por Cristo. Do mesmo modo os réprobos não querem abraçar Cristo sinceramente. Não têm nenhum desejo por Cristo e estão fugindo dele.

O conceito de justiça incorpora tudo que é justo. O conceito de não-justo inclui tudo fora do conceito de justiça: injustiça, que viola justiça e é má, e misericórdia, que não viola justiça e não é má. Deus dá sua misericórdia (não-justiça) para alguns e deixa ao restante sua justiça. Ninguém é tratado com injustiça. Ninguém pode acusar que há injustiça em Deus.

Quando Paulo fala de Deus ter amado Jacó e odiado Esaú (Rm 9.13), esse "ódio" divino não pode ser igualado com ódio humano. É um ódio santo (veja SI 139.22). O ódio divino nunca é malicioso. Ele retém favor. Deus é "a favor" de seus eleitos de um modo especial, demonstrando seu amor por eles. Ele volta a face daquelas pessoas más que não são objeto de sua graça especial. Aqueles que ele ama com seu "amor de complacência" recebem sua misericórdia. Aqueles a quem ele "detesta" recebem sua justiça. Ninguém é tratado de maneira injusta.

Concluímos que a eleição da qual a Bíblia fala é incondicional. Nenhuma ação prevista dos eleitos faz que eles sejam eleitos ou fornece as bases de sua eleição. As condições para salvação ou justificação são realmente satisfeitas pelo crente, mas são satisfeitas porque Deus fornece essas condições a eles por sua graça soberana. Calvino resume isso do seguinte modo:

Muitos controvertem todas as posições que nós temos colocado, especialmente a eleição gratuita de crentes, que, entretanto, não pode ser derrubada. Pois comumente imaginam que Deus distingue entre homens de acordo com os méritos que ele prevê que cada indivíduo terá, dando a adoção de filhos àqueles que ele sabe de antemão que não serão indignos de sua graça, e condenando aqueles à destruição cujas disposições ele percebe que serão voltadas a danos e maldade. Assim interpondo pré-ciência como um véu, eles não só obscurecem a eleição, como pretendem dar a ela uma origem diferente.