As técnicas se tornam imorais quando, consciente ou inconscientemente, nós as utilizamos para manusear a vontade, as emoções ou a consciência de outrem.
Existência honesta
Ora, para que a luz do crente brilhe,
nada é mais importante do que a honestidade. Temos de ser honestos
perante os incrédulos. De fato, essa honestidade, por si mesma,
constitui noventa por cento do testemunho. O testemunho não consiste em
levantar uma fachada cristã com o propósito de convencer possíveis
clientes. Testemunhar é ser honesto, é ser veraz quanto ao que Deus nos
fez, tanto em nosso falar como em nossa conduta diária.
Tal honestidade exigirá que você fale a
respeito de Cristo aos incrédulos com quem estiver conversando. O fato
de que, no passado, você teve de criar oportunidades para falar sobre
assuntos espirituais comprova que, no subconsciente, você estava
evitando as oportunidades que lhe eram constantemente apresentadas.
Todos nós ocultamos a nossa verdadeira
personalidade por trás de uma fachada. Para preservarmos a imagem que
criamos é necessário que falemos e nos comportemos de determinada
maneira. Nossa conversa é designada a criar certa impressão nas pessoas
com quem falamos, a fim de que edifiquemos ou preservemos a nossa
própria imagem, que desejamos vender. Ora, para muitos de nós, o
“testemunho” significa adicionar determinadas características cristãs a
essa imagem.
O verdadeiro testemunho, por outro lado,
consiste em abandonar a fachada por trás da qual nos escondemos, e não
em modificar tal fachada. Viver por trás de uma fachada é o mesmo que
ocultar a lâmpada debaixo de um balde. E a falsidade é opaca em relação à
luz divina.
Ora, se você é honesto, ao menos
parcialmente (a honestidade total é rara e difícil), na conversa que
tiver com o incrédulo, descobrirá que é extremamente difícil não falar
sobre coisas pertencentes ao cristianismo bíblico. Você diz que é
difícil testemunhar? Eu lhe asseguro, porém, que com um pouco de
honestidade é quase impossível não testemunhar.
Ignorância honesta
Ora, a honestidade também exige que
admitamos não saber tudo. Um bom vendedor jamais fica sem resposta. Mas
você não foi chamado para ser um vendedor, e sim uma testemunha. E isto
significa que você deve ser franco a respeito do que sabe e do que tem
experimentado.
Você está esperando até que tenha todas
as respostas, antes de começar a testemunhar? Não o faça. De todos os
modos, busque meios de responder às questões, mas não adie seu
testemunho até que obtenha todas as respostas. Esteja preparado para
dizer que não sabe isto ou aquilo. Ninguém ficará surpreendido. Deus não
depende dos poderes de argumentação dos crentes.
Há algum tempo, estudantes do Instituto
Bíblico Moody tiveram uma reunião na Universidade de Chicago. Durante o
período de debate, foram apresentadas algumas perguntas difíceis. Os
estudantes do Instituto Moody tiveram o bom-senso de admitir que não
podiam responder certas inquirições. A honestidade deles fazia parte
integral do seu testemunho.
E isto cumpriu o seu propósito. Um
membro do corpo docente da Universidade de Chicago expressou
publicamente seu interesse por ouvir mais. Afirmou que, pela primeira
vez, havia encontrado crentes que admitiam não saber tudo. Ele afirmou
que isto, ao invés de diminuir sua confiança neles, na realidade,
despertou-a.
Avaliação honesta
A honestidade também exige que
reconheçamos nossos fracassos. Fracassar é algo ruim, mas enganar a
respeito do fracasso é muito pior. O fim nunca justifica os meios.
Não quero dizer com isto que a
honestidade consiste em extravasar os nossos piores instintos. Afirmo,
porém, que admitir a própria indignação é melhor do que fingir não
estarmos indignados. Também afirmo que admitir o fracasso, em nossa vida
cristã, ao invés de ser prejudicial ao nosso testemunho, pode até
constituir uma parte dele. Nossa própria honestidade é um testemunho. É
mister grande graça e coragem espiritual para admitir o fracasso.
Somente o homem que não se preocupa consigo mesmo, nem com sua imagem
pública, tendo em vista exclusivamente o seu Senhor, será capaz disso.
O pecado e o fracasso não expõem Cristo
ao opróbrio? É verdade. No entanto, o opróbrio não é removido quando
encobrimos o pecado. É evidente que ninguém pode cuidar deste problema,
enquanto não for suficientemente honesto consigo mesmo e, quando
necessário, com seus semelhantes no que diz respeito a este assunto.
Não espere até ser perfeito para
testemunhar de Cristo. O testemunho envolve a franqueza em todas as
ocasiões, inclusive agora. Jamais encubra uma fraqueza sua com a
finalidade de testemunhar. O que o mundo espera ver não é um crente
perfeito, e sim o milagre da graça de Deus agindo em um crente fraco e
imperfeito.
Muitos crentes de nossos dias têm a
trágica e errônea idéia de que desempenham um papel extremamente
importante na conversão de um pecador. Devemos exortar o pecador, não
porque nossa exortação seja capaz de salvá-lo, e sim porque não podemos
agir de outra maneira. Fazendo isto, seremos autênticos em relação ao
que o Espírito Santo está fazendo em nós. O Espírito Santo é Aquele que
verdadeiramente tem a incumbência de cuidar de uma alma recém-nascida.
Desempenhar o papel dEle é perigoso, imoral e blasfemo.
Acredito que, no evangelismo moderno,
tanto público como pessoal, estamos trocando nosso direito de
primogenitura por um prato de lentilhas. Julgamos estar seguindo o
Espírito Santo, quando, na realidade, estamos seguindo apenas uma
psicologia barata. Não estamos apresentando uma Pessoa, e sim promovendo
um símbolo. Fomos chamados à glória e à honra de sermos testemunhas do
Senhor da História e do Redentor da humanidade, porém temos apenas
produzido confusão por meio de todas as nossas técnicas que visam “obter
decisões”.
É tempo de abandonarmos nossos enganos
blasfemos, permitindo que nossa luz brilhe diante dos homens, a fim de
que glorifiquem nosso Pai, que está no céu.
Conversão, John White, regeneração, Salvação, SantificaçãoPor: John White. © Editora Fiel | editorafiel.com.br
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